Caniço emborcava um copo de cerveja gelada na manhã ensolarada de sábado e apontava a Ipanema 1991. O gole desceu e ele disse:
- 6 paus.
Dei uma geral no carro de novo, só de olho. Tinha testado antes sem encontrar nenhum defeito aparente. Mas temi os vícios redibitórios, a vida tá cheia deles.
- E quanto eu vou gastar nela? – Perguntei.
- Aí é contigo.
- Não... Sério, Caniço. Qual a merda? Quanto vou ter que gastar para rodar com ela uns três meses? Sinceridade.
- A grana da gasolina, porra.
O garçon trouxe um jiló e um Fernet. Caniço meteu o jiló na boca, mastigou e me olhou esperando reação.
- Garantia de motor e caixa? – Perguntei.
- Tudo novinho – Ele mastigava e falava ao mesmo tempo . – Viu a pneuzada zerada?
- É recauchutado, Caniço.
- Mas recapado mês passado.
- Te pago 5.
- Aí tu me quebra.
- 5 paus... 2 e meio agora e 2 e meio com 30.
Caniço pensou... brincou com o copo meio vazio, encheu de novo e falou:
- Leva, guri. Tou vendendo assim porque é contigo.
Daí ligou pro Piriquito, despachante da confiança de nós dois.
- Aqui no Fino, em meia hora – Caniço ao telefone.
Piriquito chegou na quarta cerveja.
Entreguei 2 e meio em dinheiro e fiz um cheque pré-datado sem previsão de fundos, certo, bem certo de que estava sendo enganado.
- 6 paus.
Dei uma geral no carro de novo, só de olho. Tinha testado antes sem encontrar nenhum defeito aparente. Mas temi os vícios redibitórios, a vida tá cheia deles.
- E quanto eu vou gastar nela? – Perguntei.
- Aí é contigo.
- Não... Sério, Caniço. Qual a merda? Quanto vou ter que gastar para rodar com ela uns três meses? Sinceridade.
- A grana da gasolina, porra.
O garçon trouxe um jiló e um Fernet. Caniço meteu o jiló na boca, mastigou e me olhou esperando reação.
- Garantia de motor e caixa? – Perguntei.
- Tudo novinho – Ele mastigava e falava ao mesmo tempo . – Viu a pneuzada zerada?
- É recauchutado, Caniço.
- Mas recapado mês passado.
- Te pago 5.
- Aí tu me quebra.
- 5 paus... 2 e meio agora e 2 e meio com 30.
Caniço pensou... brincou com o copo meio vazio, encheu de novo e falou:
- Leva, guri. Tou vendendo assim porque é contigo.
Daí ligou pro Piriquito, despachante da confiança de nós dois.
- Aqui no Fino, em meia hora – Caniço ao telefone.
Piriquito chegou na quarta cerveja.
Entreguei 2 e meio em dinheiro e fiz um cheque pré-datado sem previsão de fundos, certo, bem certo de que estava sendo enganado.
3 comentários:
Interessante, conforme fui lendo, a bruscalidade do narrador personagem é nítida no enredo.
Fiz este blog meu caro, cinismoarcaico.blogspot.com
Até mais,
Sou sempre enganado.
Tenho certeza disso.
Quero ser esperto, vivo, conhecedor dos esquemas.
Sou sempre o otário da jogada.
abraço, Saulo.
abraço, Saulo.
Saulo, (risos).... pois é... complicado essa vida de enganado. Compartilho dessa habilidade nem um pouco agradável.
Ótimo conto. O diálogo informal e corriqueiro, a temática. O impensado surpreende o leitor.
abraço, Felipe.
lapisesom.blogspot.com
Postar um comentário