21 de jan. de 2010

2009

Tempão sem escrever aqui. Desde dezembro minha vida tem sido de sufoco ou paz, sem meio termo. Ou trabalho muito ou não faço porra nenhuma. Gosto assim. Mas tenho ficado meio de saco cheio desta vida de produtor cultural. Tudo tem dado certo, mas acabo lidando com coisas que detesto. Penso em me dedicar somente ao projetos editoriais a partir do segundo semestre, pois a Cousa sim tá dando vontade criar, fazer, vislumbrar loucuras, assim... A despeito disto, tenho deixado o Caldeira, sóciomajoritário-fundador-editor da Cousa, meio que puto com minhas ausências (Vou melhorar, bicho. Mas a cartada desta tarde foi boa, né?).


Hoje eu tinha que escrever. Ocorre que não fiz minha retrospectiva 2009. Vou fazer agora, fora de época. Com uma vintena de dias capazes de fornecer certa segurança de que os últimos acontecimentos do ano de 2009 não deram merda. E não deram mesmo. Estranho isso, do mundo desabar (literalmente) e tudo parecer tão calmo na minha vida. Não que não sofra com as tragédias mundiais, mas os jornais cuidam para que a miséria seja apenas mais um espetáculo, apenas a despedida de uma filha da classe média alta ou declarações vagas de chefes de Estado em camas macias.


Penso nos anos em que o mundo parecia se acalmar enquanto eu afundava mais na lama. Uma hora o jogo vira, sempre vira, mas acho que estou pronto para o filhodaputa.


2009 foi um ano bacana pra mim. Acordei com uma contemplação na lei Rubem Braga para colocar o Peroás e Caramurus na rua. Colocamos em dezembro, dizendo pro povo da saga azul e verde que coloriu nossas ruas por quase um século. O texto, escrito com Nieve Matos, tem pouco a ver com o que eu costumo escrever, mas acredito que foi um tributo e reconciliação com minha formação acadêmica no velho e “bom” curso de História da Ufes, onde conheci gente que tá na minha vida até hoje (hermanos vagabundos).


Depois veio o maluco do Alexandre Serafini, cineasta, produtor, vagabundo, pinguço, arruaceiro, milagreiro, maratonista seguindo bunda, e, apesar disto - ou sobretudo por isto - um cara legal. O maluco queria que a gente escrevesse um roteiro de curta-metragem. Escrevemos juntos o “2500”, deve estrear agora em março. Nas filmagens conheci muita gente bacana, que sem precisar ligar e chamar para tomar uma cerveja sentimos como “nossa”, amizade.


E seguimos. Cárcere, solo cênico do meu grande amigo e irmão Vinícius Piedade, cujo texto tem meu dígito ao lado do dele, foi aprovado no projeto de circulação de espetáculos teatrais da Secretaria Estadual de Cultura – Secult, passando por Mimoso do Sul, Viana, Vila Velha, Pancas, Barra de São Francisco e Nova Venécia. Casa lotada quase sempre e gente nos tratando muito melhor do merecíamos (falo por mim). E viajamos com gente de primeira: Adriana Sipolatti, nossa produtora local, capaz de explicar o inexplicável; Overlan, nosso mestre da elétrica e eletrônica, cheio de fãs no interior; e Nieve, minha esposa chefona.


Cárcere rendeu um livro e, quem sabe, a história para um livro no futuro. Foi a obra que Rodrigo Caldeira escolheu para iniciar a Editora Cousa, que neste mesmo ano, em dezembro, lançaria o livro de poesias explosivo de Danilo Ferraz, A Fábrica. Vejamos: dois livros em quatro meses, dramaturgia e poesia... Nada mal.


Falando em explosivo, em outubro recebi uma bomba: meu livro inédito, Ponto Morto, havia ganhado o edital de literatura da Secult 2009 na categoria romance. Duas coisas aqui: a primeira é que consegui a grana para pagar a festa de aniversário da minha filha; a segunda, não tão surpreendente quanto pagar algo para a filha com literatura, é que saí da dramaturgia em direção à prosa longa em 30 dias. Algumas pessoas saberão exatamente do que estou dizendo.


2009 passou. E eu sigo, ouvindo meu Sampaio, lendo meu Carlinhos Oliveira, bebendo no Cochicho, pegando estrada... Sendo pai, marido e mordomo de gato (O Cruel apareceu em 2009 também). É assim mesmo que tem que ser. Que venha 2010.

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6 comentários:

Anne Ventura disse...

Que em 2010 você continue na estrada, criativo, colhendo os frutos desse trabalho de vida. Saudades, amigo.

Priscila Milanez disse...

saldo mais que positivo!!!

Paulo Bono disse...

bote pra fuder.

Rodrigo L. C. disse...

Preocupa não: 2010 vai ser muito melhor!

Abraços,

R. Caldeira

Adriana Martinelli Sipolatti disse...

saudações Saulo. E que em 2010 o texto de final de ano tenha umas vinte linhas a mais pra falar o que aconteceu de bom.
beijos da GG ( Garota-Google)

TRAMAS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.